Não entendi...
Li várias reportagens hoje sobre o epsódio do aumento das tarifas telefônicas. Li, por exemplo, que os ministros José Dirceu e Palocci são favoráveis ao aumento agora pq o aumento escolanoda como defendia Miro Texeira no suposto acordo com as operadoras terá forte impacto na meta de inflação de 2004. Diz o texto de que, como a meta deste ano já foi abandonada pela equipe econômica com o aval do FMI, o impacto na inflação agora não tem maiores conseqüências. Li também que a Casa Civil acha que o ministro Miro Texeira induziu o presidente Lula ao erro de se posicionar publicamente contra o aumento no mesmo dia em que a Anatel já o havia autorizado e enviado para publicação no Diário Oficial. Que Lula já não elogia mais publicamente Miro Texeira, incluindo-o no rol dos ministros que não defendem as posições do governo publicamente. E agora, que o deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ), técnico de comunicações, disse hoje, em Brasília, que o ministro Miro Teixeira está transformando uma vitória em derrota. A vitória, no caso, foi ter conseguido pela primeira vez depois da privatização que não se aplicasse no reajuste o índice variável de 9% além do IGPD-I sobre a assinatura básica residencial. O governo alega que o reajuste maior foi o da ativação da linha, de mais de 40%.
Ora, não é segredo para ninguém que as companhias telefônicas vêm desestimulando a ativação de novas linhas, principalmente pelos brasileiros de menor poder aquisitivo, mais sujesitos à inadimplência. E a hábitos como o de ser mais receptor que gerador de chamadas ao por um cadeado no telefone para evitar gastos com ligações, muitas vezes pagando apenas o valor da assinatura básica. Com este aumento, trocamos as antigas filas dos planos de expansão pela total impossibilidade de requerer um linha à companhia telefônica por não poder arcar com o preço da instalação.
Da minha parte posso afirmar que nunca vi ministro tão defensor do governo nas entrevistas coletivas e exclusivas quanto Miro Texeira. Está certo Miro quando diz que os índices concedidos representam a "rendição" da Anatel às opreadoras e defende mudanças na forma de operação da agência reguladora. Também acho louvável a sua disposição de subsidiar com dados as pessoas que estiverem dispostas a contestarem o aumento na justiça, mesmo sabendo que esta é uma medida inócua. O reajuste está sim, previsto nos contratos de concessão da privatização. Mas também me parece claro que a saída jurídica de adiá-lo por mais um ano, para dar continuidade às negociações enquanto se negociam também as cláusulas contratuais dos próximos contratos de concessão a partir de 2005 _ que seria o melhor instrumento de pressão para que as concessionários não fossem com tanta sede ao pote _ esbarrou em interesses maiores da equipe econômica, temerosa do cumprimento da meta inflacionária de 2004.
Acho que, desta vez, as imagens populares do governo e do próprio presidente saíram bem arranhadas.